domingo, 28 de outubro de 2012

Homenagem do Garatuja ao Dia da Animação.




No dia da animação o Garatuja faz uma homenagem a Quirino Cristiani, que foi o primeiro artista a realizar um longa metragem usando a técnica de animação no mundo. Infelizmente esse filme foi destruído num incêndio sobrando somente pequenos fragmentos que podem ser vistos no Youtube. O filme chama-se El Apóstol e foi realizado em 1917. Na oficina de animação que realizo com crianças tenho por princípio apresentar dados históricos, tanto em relação a técnica quanto ao produto artístico de diferentes épocas, fazendo sempre um paralelo entre a produção atual e o que já foi feito na área. Dessa forma surgiu o filme Auxese, que tem clara inspiração no trabalho pioneiro de Quirino Cristiani e que apresento agora em primeira mão. O roteiro, desenhos e filmagens foram realizadas pelos alunos, cabendo a mim a escolha da trilha sonora e alguns efeitos buscando um "clima de filme velho" que aparece nele. Mais tarde serão postados outras informações sobre o curta, assim como making off, fotos e processo de trabalho, que durou cerca de quatro meses até sua finalização.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Animações do Garatuja nos mais importantes Festivais de Cinema do Brasil.


Vídeo Fórum no Festival do Rio


















Anima Mundi, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Mostra Internacional de Curtas Metragens de São Paulo e Festival do Rio são alguns dos festivais onde as animações feitas pelas crianças do Garatuja foram exibidos em 2012. Prática desenvolvida desde 1997, quando usávamos o Super-8 como suporte, o trabalho de audiovisual realizado pelo Instituto Garatuja a cada ano que passa torna-se mais conhecido, apreciado e elogiado pelos envolvidos na área. No Festival do Rio o filme Tecnologia Rural, de Davi Veroneze, participou da sessão Vídeo Fórum, programa pioneiro da Mostra Gerações que traz à tela grandes trabalhos feitas por crianças e jovens até 18 anos que ainda não tenham ingressado na universidade. Participaram desse programa curtas metragens de diversos estados brasileiros e de outros países como Espanha, Argentina, Itália e Estados Unidos. Durante o evento houve um debate com os convidados especiais Márcia Derraik e Beto Moreira, mediado por uma das curadoras da Mostra Geração, Roberta Bonisson. No Anima Mundi a participação foi do filme Sonho de Menina, de Lia Tricoli, que integrou a Sessão Futuro Animador, com curtas de vários estados e países como Portugal, Bélgica, Argentina, Taiwan, El Salvador e Estados Unidos. Sonho de Menina também participou do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, além da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis juntamente com o filme Reciclando a Vida, de 2008, feitas com crianças da escola Waldemar Bastos Bühler. Até o final do ano será lançado o Catalogo da Programadora Brasil contendo o filme A Viagem de Um Barquinho, animação realizado com a técnica do recorte feito em 2010. A Programadora Brasil é um programa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura sob a coordenação da Cinemateca Brasileira e propõe ampliar o acesso às produções recentes e aos filmes representativos da nossa cinematografia e que estão fora do circuito de exibição. O trabalho que realizamos no Garatuja é de formiguinha, dentro de nossas possibilidades e com passos firmes, mas do tamanho das pernas. Nosso foco é muito claro e foi assim que chegamos a trinta anos de trabalho ininterruptos em Atibaia, para alegria de muitos e tristeza de poucos.  

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Garatuja presta homenagem a Quirino Cristiani.


Estamos finalizando o desenho animado Bolas em Fúria, assim como as Histórias em Quadrinhos realizadas nas oficinas do Ponto de Cultura desse ano. Bolas em Fúria conta a história de alguns garotos que, jogando bola, salvam o mundo de um ataque alienígena. Esse desenho está começando a ser sonorizado com a voz dos próprios garotos que fizeram o filme. Quanto as Histórias em Quadrinhos houve um pequeno incidente cibernético, mandando para o espaço grande parte do trabalho pronto. Os originais, em papel, felizmente estão sãos e salvos, mas terão de ser totalmente refeitos. Algumas dessas histórias eram para serem vistas em 3D, processo bastante trabalhoso e que será melhor detalhado no blog http://garatujaquadrinhos.blogspot.com.br/. Atualmente estamos iniciando a oficina de animação, utilizando mais uma vez a chamada técnica do recorte, que embora tenha genericamente esse nome, pode ser realizada de variadas formas. Nesse processo foram  feitos nas oficinas do Garatuja os filmes:  Acidente da Tam, A Poluição, Filhotes Sapecas, O Balão, Castelo Misterioso, Saci Atrapalhado, O Tarado, O Pintor e Joanito. Todos de 1997 e filmados em Super-8. Depois vieram Cobra Norato, de 2007 e Viagem de um Barquinho, de 2010. A animação que se inicia ainda não tem nome e presta uma homenagem a Quirino Cristiani. Embora pouco conhecido, o italiano radicado argentino, Quirino Cristiani foi o primeiro artista a fazer um longa-metragem em animação no mundo, isso em 1917. O filme se chamava El Apóstol, e confere a Argentina o pioneirismo no cinema de animação. Alías temos de reconhecer que a Argentina, além de bater um bolão, ainda é craque em artistas gráficos. Taí o trabalho de Crist e Quino no humor, José Luis Salinas e Hector Oesterheld nas histórias em quadrinhos, Juan Gatti na ilustração e tantos outros feras do lápis. Infelizmente do El Apóstol só restam pequenos fragmentos de sobraram do incêndio de que foi vítima. Quirino desenvolveu uma técnica própria para realizar suas animações, utilizando milhares de recortes de figuras pintadas com tinta branca sobre cartão preto, que depois de filmados e revelados invertiam as cores, passando ao tradicional traço preto em fundo branco. No vídeo abaixo um pouco de Quirino Cristiani.

sábado, 26 de maio de 2012

Animações do Garatuja no Anima Mundi e na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

 
Participação do Garatuja no Anima Mundi 2011.
 
















Animações realizadas por crianças do Garatuja são selecionadas pela terceira vez para participar da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis 2012. No ano passado o curta Viagem de um Barquinho, abriu a sessão que homenageava Ziraldo. Esse ano foram 127 filmes inscritos e 88 selecionados para a 11ª Mostra que ocorre de 29 de junho a 15 de julho no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis. A coordenação da curadoria é da cineasta Melina Curi, com consultoria da professora da rede de educação infantil do Rio de Janeiro, Teca Lins. Segundo o release da Mostra - "com exceção de apenas um filme finalizado em 2008, todos os curtas selecionados foram produzidos nos últimos três anos e predomina a temática ambiental. Para Luiza Lins, diretora da Mostra, este é um sinal de que os diretores estão se permitindo abordar o mundo com o olhar das crianças, as mais preocupadas hoje com o futuro do planeta”. Muito provavelmente o filme citado acima, como de 2008, é Reciclando a Vida, realizado com crianças da escola Waldemar Bastos Bühler, num projeto em parceria com a Prefeitura de Atibaia que aconteceu nessa data e que foi inscrito e selecionado para a Mostra. O outro filme participante é Sonho de Menina, de Lia Tricoli, Naomi Saeda e Paulo César M. Franco. Essa animação foi selecionado também para o Anima Mundi 2012, que nesse ano completa vinte edições. Sonho de Menina, que participa na categoria Futuro Animador, será exibido com produções de outros países como Argentina, Bélgica, Portugal e Taiwan. É a quarta participação do Garatuja no Anima Mundi. A primeira foi em 2007, depois 2009, 2011 e agora em 2012. Os filmes participantes foram: Um Dia na Floresta, Como é Difícil Jogar Futebol!, O Lobisomem, Sonho, A Turma da Lua, Tecnologia Rural, A Viagem de um Barquinho e Sonho de Menina. Participar desses dois Festivais é muito especial para o Garatuja e nos enchem de alegria, principalmente pela importância que cada um representa em seu segmento - um voltado exclusivamente a criança e outro a animação - e sinalizam que estamos no caminho certo. Abaixo um vídeo sobre os critérios de seleção da Mostra de Florianópolis 2011.


domingo, 15 de abril de 2012

Animações em Super-8

As primeiras animações realizadas no Garatuja, que datam de 1997, estão sendo recuperadas e em breve farão parte de um DVD que irá reunir trabalhos feitos por crianças utilizando diferentes técnicas de animação. Esses filmes, com mais quinze anos, apresentam alguns problemas técnicos, além de pequeno desbotamento da película em conseqüência do tempo. É bom lembrar que a realização em Super-8 não difere muito das bitolas 16 ou 35 mm em relação a complexidade técnica. Como toda fotografia analógica é necessário acertar na fotometragem, no tempo de exposição, foco e enquadramento para que o resultado seja satisfatório, e assim mesmo só depois de revelado o negativo é que ficamos sabendo se deu tudo certo...bem diferente dos atuais meios digitais de captação e edição de imagem. A revelação não era feita no Brasil e demorou dois meses até que o filme voltasse dos Estados Unidos, país onde foi revelado. Para a colocação de banda sonora seria necessário colar uma fita magnética ao lado do filme e na sua ausência utilizávamos uma trilha sonora externa na hora da exibição.  São nove pequenas animações realizadas com crianças entre 6 e 12 anos, utilizando a técnica do recorte. Essa experiência foi nomeada Oficina Experimental  e tem como curiosidade o logotipo do Nuca - Núcleo de Cinema de Atibaia, tentativa em criar um núcleo de cinema voltado a pequenas bitolas em Atibaia. São animações bastante simples e feitas de forma despretensiosa, mas que valem a pena ser recuperadas pelo valor histórico e afetivo que representam para o Garatuja e para as crianças envolvidas, hoje adultos, e que provavelmente ficarão felizes de rever o material. Todo o processo foi realizado durante as oficinas: das historinhas criadas por eles até o registro quadro a quadro, passando pela confecção de inúmeros personagens e cenários recortados e pintados em cartões coloridos (Esse material está conservado até hoje). Uma das animações: O Acidente da Tam foi baseado em fatos reais ocorridos em 1997, quando um avião sofreu uma explosão em pleno ar, abrindo um rombo na lateral e lançando fora um dos tripulantes. A nave conseguiu pousar salvando os demais passageiros. Esse fato foi muito comentado na época e não ficou imune a observação das crianças que transformaram a tragédia numa singela animação, com destaque especial para o piloto, que foi transformado em herói.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Desenhos desanimados

Na década de sessenta a televisão brasileira exibia as aventuras dos maiores heróis da Marvel: Capitão América, Namor - O Príncipe Submarino, Homem de Ferro, Thor e Hulk. O estilo paradão dos desenhos (para ser mais fiel aos quadrinhos) ganhou no Brasil o apelido de desenhos desanimados.
Para quem beira os sessenta sabe do que se trata... ou com certeza irão se lembrar. Esses desenhos embalaram minha infância quando, morrendo de fome, chegava da escola, fazia meu prato e grudava na televisão para ver meus heróis favoritos. Ali estava duas coisas que mais gostava na vida: gibi e desenho animado. A trilha sonora de alguns super-heróis lembro até hoje. Para a geração atual pode até parecer ridículo alguém gostar de coisas tão toscas, mas o senso crítico se forma com o tempo, e na época a própria televisão era novidade. O meio é a mensagem, segundo MacLuhan. A despeito de todas os estragos que parte da televisão e até dos quadrinhos fizeram ao Brasil e ao mundo como veiculo da ideologia imperialista, não deixa de ser agradável e revigorante rever essas pequenas "pílulas de infância" (vi essa frase em algum lugar). Mas voltando aos desenhos desanimados: Essa série é a mais perfeita tradução da linguagem dos quadrinhos para o desenho animado que conheço. A economia da produção fazia com que as cenas ficassem paradas por longos períodos, onde somente uma ou outra coisa movimentasse de vez em quando e assim mesmo num vai e vem interminável. Geralmente era a boca que movimentava. Em momentos mais "agitados" os Crash, Bum, Tum das onomatopeias resolviam o problema. Era quadrinho puro. Essa série veio depois do sucesso da série live-action Batmam, com Adam West. Quem assistiu os desenhos da Marvel irá se lembrar dele também, que foi outra tentativa de levar os quadrinhos para a televisão. A cada soco que o Coringa tomava, lá vinha o POW encher a tela. Tudo nesses seriados remetiam aos quadrinhos: do uso das cores vivas, a narrativa em off a cada novo episódio, revelando sempre o que havia acontecido no capitulo anterior, como nas legendas dos quadrinhos. Esse jeitinho de simplificar a produção das animações, principalmente as seriadas, existe desde a década de cinqüenta quando a UPA (United Production of America) desenvolve essa técnica que mais tarde ficou conhecida como animação limitada ou animação econômica. Ela não funciona para realizações mais realistas, mas deu muito certo nas produções da UPA, que tinham como características a estilização de personagens e cenários... mas isso é outra história. Abaixo um episódio de Namor - O Príncipe Submarino.

 

sábado, 31 de março de 2012

O cartaz de cinema

O uso do cartaz perdeu muito de seu charme e importância desde que foi popularizado com a invenção da litogravura no século XIX. Hoje os espaços públicos são disputados palmo a palmo, por inúmeros outros estímulos visuais que fazem dessa mídia uma linguagem quase em extinção. Sinto isso na prática. Colar cartaz pela cidade foi uma atividade que fizemos (eu e a Élsie) inúmeras vezes desde que criamos o Garatuja. Por certo tempo essa foi a única forma que tínhamos de divulgar nossos cursos. A arte-final eu mesmo fazia e depois imprimia numa gráfica, ou então também realizava a impressão em silk-screen. Hoje, além da recusa de muitos comerciantes (alguns até bastante malcriados) em deixar fixar um cartaz em seu estabelecimento, outro fator de empobrecimento da mídia é em função da diminuição de seu tamanho - não há espaços físicos para fixar cartaz grande. Particularmente gosto deles, tanto que ao longo de anos tirei das ruas os que considerava de boa qualidade e guardo até hoje. Tenho alguns até com valor histórico para a cidade, como um de caráter institucional feito por André Carneiro, na década de sessenta, onde a modelo era sua mulher, a Lina, tendo como cenário a Pedra Grande. Ao contrário de muitos, não acho que os cartazes, assim como o out-door deixem a cidade feia. O que falta é regulamentar seu uso. São meios de comunicação próprios do conglomerado urbano em que vivemos e quando feitos com sensibilidade e inteligência podem até proporcionar surpresas bastante agradáveis para o observador mais atento. Tanto assim que muitos artístas se dedicaram a sua produção: De Jules Chéret  e Toulouse-Lautrec, passando por El Lissitzky, artista gráfico da vanguarda russa até os brasileiros Rico Lins e Ziraldo, que produziram cartazes dignos de serem expostos em museus e galerias. Quando sua função é voltada a temas mais abrangentes, ligados a arte e a cultura, como divulgar uma peça de teatro, um show ou um filme por exemplo, o designer tem maior liberdade de criação e o resultado pode ser fantástico, como o cartaz abaixo. Feito para o filme Metrópolis, de Fritz Lang, um exemplar dele foi vendido recentemente por US$ 850 mil dólares. Esse é um mercado pouco explorado no Brasil, mas que alcança cifras espantosas em várias partes do mundo. Independente de seu valor monetário, gosto deles pelo valor estético. Aliás nesse caso alguns nomeiam pôster: quando estão na rua eles tem um valor funcional e se chama cartaz, quando são retirados da rua e adquirem uma função estética se chama pôster. No Brasil tivemos grandes artistas gráficos voltados ao cartaz de cinema. Talvez o mais conhecido seja Jayme Cortez, que até foi nome de Prêmio na área instituído pelo Banco ITAU em 1977. A seguir alguns dos "pôsteres" considerados mais importantes de todos os tempos. Não sei se são os mais bonitos, mas sem dúvida são os mais valiosos.


Há outro cartaz semelhante a esse, mas que leva texto
entre os logotipos. O de US$ 850 mil dólores é esse.

Um dos cartazes mais famosos de
Hollywood . Preço: US$ 244 mil.

Vendido por US$ 310 mil.

Cartaz para o filme Gato Preto de
Boris Karloff vendido por US$ 339 mil.

terça-feira, 20 de março de 2012

Cinema com Pipoca


Cinema com Pipoca de Euclides Sandoval
Em 2009 ajudei meu amigo Euclides Sandoval a publicar o livro Cinema com Pipoca. Amigo mesmo, de longa data, na qual tenho a maior estima. Talvez nunca tenha revelado, mas o Euclides foi uma das pessoas mais importantes na minha formação, e acredito que na formação de muita gente. Ele tem a qualidade de saber "cutucar" os jovens para o que realmente importa: o despertar para a criatividade. Comigo foi assim, quando nos conhecemos em fins da década de setenta, começo de oitenta, quando (por vergonha) enfiava os desenhos que fazia por debaixo de sua porta para serem publicados no jornal que produzia chamado Jornal de Atibaia. Quem passou por suas mãos, como aluno, sabe do que estou falando. Euclides é um mestre - e esse título não é para qualquer um. Ninguém se auto-denomina mestre. Mestre é outorgado. Cinema com Pipoca são apontamentos de anos de cinefilia como ele mesmo escreve, sobre clássicos da sétima arte: Cidadão Kane; Nosferatu; Limite; Encouraçado Potemkin e muitos outros. Até Solidão de André Carneiro está lá, por sugestão minha. No livro não há a preocupação de fornecer sinopses, fichas técnicas ou resenhas, mas dicas, sugestões e toques sobre novos pontos de vista...não só para ver filmes, mas para senti-los. É um livro de consulta, de cabeceira, que recomendo ser lido logo após assistir o filme. Nele fiz a diagramação. A produção foi do Instituto de Arte e Cultura Garatuja e o apoio da Prefeitura. Pelo tempo percorrido e quantidade de material inédito acumulado, Cinema com Pipoca merecia nova versão...quem sabe?!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Curiosidades

Seth, o precursor do desenho animado no Brasil

Embora Raul Pederneiras tenha realizado as primeiras charges animadas no Brasil ainda em 1907, na "certidão de nascimento" quem aparece é o ilustrador Álvaro Marins, mais conhecido como Seth. "Certidão de nascimento" porque o jornal A Noite, do Rio de Janeiro, na edição de 13 de janeiro de 1917 publica que está "dando conhecimento aos leitores que dentro de alguns dias, estará em exibição no cinema Pathé a primeira tentativa de exibição de caricaturas cinematográficas animadas realizadas por Álvaro Marins, que o público conhece sob o pseudônimo de Seth". Portanto esse primeiro informe das caricaturas animadas é a certidão de nascimento da animação no Brasil. Com paternidade e tudo. A exibição mesmo aconteceu de 22 a 24 de janeiro, portanto 5 dias depois de anunciado. Seth foi ilustrador de mão cheia atuando ainda como caricaturista no início do século vinte. Por sua técnica apurada era conhecido como o Rei do bico de pena, instrumento utilizado para desenhar com nanquim. Com a série humorística Flagrantes Cariocas contribuiu para formar a imagem do "malandro" carioca, que perdura até hoje. O filme apresentado era Kaiser onde o líder alemão Guilherme II sentava-se em frente a um globo e colocava um capacete representando o controle sobre o mundo. O globo então crescia e engolia o Kaiser. Em outra cena o Presidente Nilo Peçanha, em traço caricatural também aparecia explodindo numa gargalhada de progressão crescente. E por falar em caricatura, esse meio de expressão também tem "certidão de nascimento". Aliás bem parecido com o exemplo acima, só que oitenta anos antes. Em 1837 o Jornal do Commercio também menciona a primeira charge brasileira, trazida pelo multimídia Araújo Porto-Alegre...mas isso é outra história.






terça-feira, 13 de março de 2012

Curta metragem pioneiro em Atibaia


 Um Jeca em Atibaia, curta metragem de 1996 pode ser considerado o primeiro filme resultado de oficina realizado em Atibaia. “Ambientado na cidade e totalmente feito pelos cinqüenta alunos da Oficina de Realização em Cinema, o filme é uma bem humorada ficção que se utiliza - e homenageia - um dos maiores nomes da cinematografia popular brasileira, o ator Mazzaropi.”. A Oficina, que gerou o filme, aconteceu dentro do projeto História do Cinema Brasileiro promovido pelo então Departamento de Cultura da Prefeitura de Atibaia e teve grande parte de sua produção realizadas nas dependências do Garatuja. A coordenação das oficinas foi de Sérgio Concílio, Marcos Fontana e Elza Corsi. A duração é de 5 minutos e teve o Super-8 como suporte.


O curta participou de várias Mostras e Festivais sendo selecionado para a Mostra Competitiva do 24 Festival de Gramado, na categoria Super 8. Sinopse: Jeca, com toda família e vizinha, vão de Kombi visitar Atibaia, onde esperam encontrar um disco voador...e encontram. Maiores informações: http://institutogaratuja.blogspot.com/2011/10/um-jeca-em-atibaia-completa-quinze-anos.html




Matéria publicado no Jornal Opinião - 28/06/1996



Jornal Atibaia Hoje - 06/06/1996
 


Making-off Um Jeca em Atibaia - 1996





quinta-feira, 8 de março de 2012

Assim que tudo começou...

Desde seu inicio, em 1983, já tínhamos a intenção de incluir os recursos do audiovisual nas atividades do Garatuja. Não era fácil. A tecnologia que surgia era vídeo VHS, que além de caro, exigia grande conhecimento técnico para operá-lo. Esse novo sitema dispunha de certa facilidade na captação das imagens (que fazíamos com câmara emprestadas), mas eram restritivas na edição. Poucos lugares em Atibaia dispunham de ilha de edição com espaços apropriados, que incluía até a temperatura ambiente controlada. No cinema convencional a única bitola que ainda podia ser utilizado de forma amadora era o Super-8, que começava a perder espaço, mas ainda dispunha de adeptos apaixonados e certa facilidade para encontrar equipamentos. Mesmo assim também era caro. No inicio da década de oitenta compramos uma filmadora Super-8 que só foi realmente usada da forma como pretendíamos treze anos depois, quando ocorreu uma revitalização do Super-8, com criação de núcleos, festivais e oficinas com intenção de expandir sua prática em todo país. Foi a oportunidade que esperávamos. Em 1996, a Prefeitura de Atibaia recebeu um projeto da Secretaria de Estado de Cultura de SP chamado História do Cinema Brasileiro. Naquela época era raro esse tipo de iniciativa e assim mesmo eram somente pequenos apoios que incluíam banners temáticos, material promocional e sugestões que deveriam ser "recheados" conforme o interesse dos municípios. Com esse projeto aconteceu a primeira oficina de cinema em Atibaia e o primeiro filme resultado de oficina: Um Jeca em Atibaia. A equipe, formada por pessoas que conhecíamos de São Paulo, incluía o Sérgio Concílio e sua esposa, o Marcos Fontanna e a Elza Corsi que tinham como proposta produzir um curta metragem. Depois da divulgação da oficina houve enorme procura e somente cinqüenta pessoas foram selecionadas. A parte teóricas aconteceu no Museu Municipal e depois no EE Florêncio Pires de Camargo. Depois de captadas as imagens em vários pontos da cidade, a edição, sonorização e a realização das cenas de efeitos foram produzidas na sede do Garatuja, pois ainda não havia espaços municipais apropriados. Terminado a oficina o grupo continuou se encontrando no Garatuja por algum tempo, formando o NUCA - Núcleo de Cinema de Atibaia que teve vida breve, porém bastante produtiva. Disperso o Nucleo, o Garatuja continuou sozinho, adquirindo equipamentos como coladeiras, moviolas e projetores Super-8 e com eles realizando as primeiras animações com crianças. Novo impulso veio em 2007, quando fomos habilitados Ponto de Cultura e pudemos finalmente atualizar os recursos digitais voltados a área. A partir daí inúmeras foram as oficinas, parcerias e realizações do Garatuja. Como opção didática não descartamos os antigos sistemas analógicos, pelo contrário, fazemos dele nosso diferencial, entendendo a importância de se preservar antigos processos do fazer artístico, associando-os aos recentes recursos digitais. Embora caro, os processos analógicos ainda despertam interesse entre os jovens aprendizes, principalmente entre as crianças, seja por sua materialidade de manuseio, seja pelo inusitado de se manipular recursos tão antigos frente a abstração das novas mídias.