sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Títulos e Créditos 1

Na evolução da linguagem cinematográfica os títulos e créditos, assim como as músicas e os cartazes foram ganhando importância cada vez maiores na produção de um filme. Em se tratando de créditos, sempre surge a clássica citação ao filme A Pantera Cor de Rosa, mas existem outras, tão boas quanto, como é o trabalho de Saul Bass. Considerado o primeiro designer a se especializar na área, Saul Bass virou referencia ao fazer pequenas pérolas num curto espaço de tempo. Espaço de fundamental importância, diga-se de passagem. No crédito não há somente um amontoado de informação. A qualidade desse item está em sintetizar de forma criativa e coerente o que virá a seguir. É nos primeiros dez minutos iniciais que se “ganha” o espectador, e pensando assim os créditos são fundamentais pra isso. Gosto muito do trabalho dele. É sintético, enxuto, alcançando grande impacto visual com poucos recursos. Técnicas bastante comuns, até para a época em que foram produzidas, ganham uma dimensão estética primorosa em suas mãos: recorte de papel, uso reduzido de matizes, valorização do espaço em branco e as cores sempre chapadas. Saul Bass elevou os créditos à categoria de arte, integrando-o como parte de um filme e não uma simples sucessão de nomes como era até então. Nos cartazes dos filmes ele também inovou. Viraram clássicos por manter a atualidade, e isso é muito difícil de acontecer nas artes gráficas. Geralmente o trabalho fica “velho”, marcado demais pela época em que foi produzido. No caso dos cartazes de Saul Bass eles conseguem ser atuais como The Birds, de Alfred Hitchcock, ou ainda The Man With the Golden Arm, de Otto Preminger. Numa das citações atribuídas a Bass ele diz:  “Conquistar a simplicidade, a qual detém uma certa ambiguidade e uma certa implicação metafísica, que a torna vital. Se for simplesmente simples, é chato. Trabalhamos a ideia de que determinada coisa é tão simples que vai fazer com que a gente pense e repense.”

Abaixo créditos dos filmes e alguns cartazes de Saul Bass.














quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Coração Delator, um clássico.

The Tell Tale Heart é um dos contos mais populares de Edgar Allan Poe. Inúmeras foram às versões e adaptações dessa história. Nos quadrinhos também virou um clássico nas mãos de Alberto Breccia, trabalho que tive o prazer de ver numa exposição em São Paulo. Na animação, a versão de 1953 com direção de Ted Parmelee, é fundamental pra quem quer conhecer o que de melhor se produziu no gênero. Embora tenha mais de sessenta anos, ela resistiu ao tempo e considero ainda hoje referencia na linguagem da animação. Uso esse filme como modelo quando a intenção é mostrar aos meus alunos como extrair o máximo, do mínimo, bem ao estilo UPA. Quase não há movimento dos personagens, como é mais usual, o que movimenta é a câmara, reforçado pelo uso da iluminação dirigida a determinados lugares do desenho, a sobreposição de imagem, zooms, panorâmicas e até espaços vazios, valorizando o imaginário na trama. O desenho é primoroso e me faz lembrar, em alguns momentos, o trabalho do Escher ou do próprio Salvador Dali, pelo clima surreal do curta. É bom lembrar que na época em que foi produzido havia predominância de animações voltadas às crianças, sendo considerada uma das primeiras animações catalogadas“para adulto”. Foi aclamado pela crítica, recebendo indicação ao Oscar, mas perdeu para um filme do Walt Disney. A trilha sonora é fantástica e a narração original de James Mason completa o clima denso da narrativa. O filme conta a história de um demente que assassina um ancião, incomodado pelos seus olhos, e enterra o corpo sob o soalho da casa. Na animação o personagem do assassino nunca aparece...é sempre uma sombra a sugerir as ações.